quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Quartos Vagos, 4ª Inauguração


Inauguração às 21.00h

Actuações:
Luís e Rebeca Jardim - 22.00 h
Dançando sobre cordas - 23.00h


Dia 29 de Dezembro na
Rua 5 de Outubro, nº 87 / 88







Luís e Rebeca Jardim - 22.00h






Dançando sobre Cordas - 23.00h


Conceito
É um projecto que procura a fusão entre uma sonoridade portuguesa, indo buscar as suas referências musicais históricas e os seus compositores de eleição, com a riqueza e profundidade da música clássica indiana, tão diversa e complexa na sua dimensão melódica e rítmica.
Procura explorar outros campos artísticos através da performance, nomeadamente a dança, o canto, a literatura, as artes plásticas e visuais.


Sinopse
Dois instrumentos paradigmáticos da música indiana e europeia encontram-se, o sitar e o violoncelo, num diálogo animado sobre o que têm dito. A ouvi-los está alguém que procura seguir a conversa entre os dois instrumentos tentando intervir no diálogo para acrescentar uma outra fala ao som, a melodia da dança, da voz, da arte.
Assim cria-se uma dança sobre cordas que vai se sustendo irresoluta e mutável e que viaja sobre os seus fios entre os continentes.


Ficha Artística
Performer: Sara Anjo
Violoncelista: César Gonçalves
Sitarista: Paulo Sousa


Duração do espectáculo
Aproximadamente 1h.




Currículo dos intérpretes


Sara Anjo natural do Funchal nasceu em 1982. Após se ter formado como bailarina pela Academia de Dança Contemporânea estagiou na Companhia Nacional de Bailado e desde então tem trabalhado como freelancer em diversos projectos, com diferentes coreógrafos na área da dança contemporânea portuguesa e internacional (Paulo Henrique; Sofia Silva; Sofia Belchior; César Augusto Moniz). Ainda na dança contemporânea tem actualizado constantemente a sua formação com workshops orientados por Ohad Naharin; Amanda Miller; Alian Buffar entre outros. Na dança clássica tem participado como solista nos espectáculos da Companhia de Dança da Madeira, Quebra-Nozes; Bayadére e no próximo Dezembro Cinderela e na clássica Indiana tem dançado a solo tendo feito formção com Manisha Satte; Sikta Devi e Linda Shanson. Para além da sua actividade como freelancer, está a frequentar o último ano do curso Estudos Artísticos da Faculdade de Letras de Lisboa e formou-se como professora de yoga, actividade que vem a exercer a título particular.

Paulo Sousa, natural de Lisboa, nasceu em 1964. Sitarista, tem tido um percurso eclético ao longo da sua vida musical. Nos anos 80 fez parte do grupo Essa Entente como guitarrista e nos anos 90, frequentou o Conservatório Regional de Setúbal, tendo concluído o Curso Geral de Guitarra Clássica, e a Escola de Jazz do Barreiro. A sua preferência por uma música mais contemplativa e uma viagem à Índia em 2000, colocou-o na rota dos ragas e do sitar. Em 2005 fez a gravação do seu primeiro trabalho com sitar, fundando o Alap com o tablista João Moreira e o teclista Paulo Cavaco. Em 2006 deslocou-se a Londres onde teve aulas de Sarangi e Sitar com Baluji Shrivastav e em Outubro partiu para a Índia como bolseiro da Fundação Oriente para aprofundar conhecimentos sobre Música Clássica Indiana e Sitar durante um ano.
A 11 de Outubro de 2007 realizou um concerto no CCB, acompanhado pelo tablista indiano, Makarand Tulankar, com transmissão directa para a Antena 2. Actualmente está a preparar o próximo trabalho do Alap.

César Gonçalves natural do Funchal, nasceu em 1981. Iniciou os estudos musicais aos 15 na Orquestra de Bandolins (RMUM de São Roque), e aos 18 começou o estudo do violoncelo com Agostinho Henriques. Em 2003 começou o curso profissional de música no Conservatório Escola Profissional das Artes da Madeira com o professor Jaime Dias. Foi para Lisboa em 2005 onde se integrou no Curso Superior, na Academia Nacional Superior de Orquestra, com o professor Paulo Gaio Lima. Actualmente encontra-se a frequentar o terceiro ano da licenciatura em instrumento/interpretação na Universidade de Évora. Ao longo da sua formação tem feito Master Classes com diversos professores, entre os quais: Miguel Ivo Cruz; Miguel Rocha; António Lysi e com o prestigiado Radu Alduesco. Na Madeira tem feito parte do elenco de vários grupos: Orquestra Ligeira da Madeira; Orquestra de Bandolins da Madeira; Dixieland Jazz band e tem participado em diversas iniciativas culturais por todo o Arquipélago.


Música: Litania para um amor ausente 2




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quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Quartos vagos, 3ª inauguração



Inauguração às 21.00h
Actuação às 22.00h


Dia 22 de Dezembro de 2007 na
Rua 5 de Outubro, nº 87 / 88


No seguimento do programa estipulado pela organização da colectiva Quartos Vagos, no próximo Sábado, dia 22 de Dezembro, proceder-se-á à 3ª Inauguração pelas 21.00h. Além da mostra colectiva , pelas 22.00h terá lugar um espectáculo de dança contemporânea, com um solo de Elsa Freitas, do Grupo Dançando com a Diferença.

Nas palavras de Henrique Amoedo, director artístico do Grupo, "A inovação e a ousadia, entre tantas outras, são características da Arte Contemporânea e consequentemente, estão presentes no trabalho do Grupo Dançando com a Diferença. Não de forma gratuita e inconsequente, mas sim com uma postura de que só poderemos contribuir com a modificação da imagem social das pessoas com deficiência se soubermos aliá-las e apresentá-las para o público, de forma a confrontá-lo com esta realidade.

O grande paradoxo do trabalho inclusivo nas Artes do Espectáculo está em expor perante um público pessoas que tem associadas a si o arquétipo da incapacidade, sem que este seja o principal foco de atenção dos espectadores. O GRUPO DANÇANDO COM A DIFERENÇA , como a iniciativa mais visível de um todo mais amplo que é o projecto que lhe deu origem, é aquele que segue à frente na efectivação e consolidação de todas as acções que têm como principal objectivo esta transformação.

Na intervenção do grupo na instalação artística Quartos Vagos, a intérprete Elsa Freitas apresentará um solo onde o confronto entre as suas emoções e as emoções do público estarão em cena. "Não estou presa numa cadeira de rodas. Ela leva-me para o mundo…" será a tónica desta intervenção associada aos Quartos Vagos."

Fotografia: Estúdio Quattro





sábado, 15 de dezembro de 2007

Antípodas da Mente de José Pinho






Sinopse:

“À semelhança da girafa e do ornitorrinco, as criaturas que habitam estas regiões mais remotas da mente são extremamente improváveis. E contudo existem, são factos da observação e enquanto tal não podem ser ignoradas por quem quer que seja que tente compreender honestamente o mundo em que vive.
(…) Se visitarmos os antipodas da mente consciente, encontramos toda a espécie de criaturas pelo menos tão estranhas quanto os cangurus. Não inventamos estas criaturas mais do que inventamos os marsupiais. Vivem as suas vidas em completa independência e não existe um único homem que as consiga controlar. Tudo o que podemos fazer é viajar até ao equivalente mental da Austrália e olhar em volta.”
Aldous Huxley in “ Céu e Inferno ”


Bio:
José Pinho, nascido em Vila do Conde a 20 de Maio de1980, frequentou o curso de Artes Plásticas – Escultura na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto onde participou em vários eventos artisticos, explorando diferentes mediums como a fotografia, desenho, pintura, escultura, instalação e performance. Reside na Madeira desde Outubro de 2006.

Ponto de Vista #7 de Carlos Valente

Ponto de Vista é um projecto iniciado no passado mês de Maio, e consiste na minha presença transfigurada e registada em vídeo, qual falso auto-retrato, criando um esboço de personagem simbólica que representa o meu olhar acerca do outro. Esse olhar dirige-se ao(s) artista(s) que expõem comigo e/ou aos espaços onde intervenho; mas também, e obviamente, ao espectador. A constante icónica deste rosto-de-olhar-oculto tem funcionado (em exposições anteriores) ora enquadrada num ecrã plano ora projectada na parede.

Neste caso, e porque o espaço era «ponto» de partida, o «ponto» de vista vai ancorar na denominação do edifício anexo - Madeira Sun – para desconstruir a semântica através da plástica. Ponto de Vista #7 tem por esta razão o subtítulo Madeira (wood) Sun (sol), estabelecendo conexões directas com o espaço geográfico e com a evidência dos materiais usados (madeiras pertencentes à casa em vias de demolição) que serviram para estruturar a tridimensionalidade do recinto por mim ocupado. Sobre esta estrutura física feita de despojos desenvolve-se um diálogo repartido: o da personagem dividida entre o espaço e o objecto «televisor». Do conjunto de objectos necessariamente «invasores» - projector, leitor e televisor – este último cumpre rigorosamente a sua função de transmitir a emissão (tratando-se da emissão em directo da programação regional) mas funciona também como suporte do olhar simbólico, reflectindo a personagem que agora habita um quarto vago, do qual não conheço a história.

O ponto de vista desdobra-se, pois, neste pequeno espaço da casa e produz sobreposições e cisões que cristalizam num outro olhar, num outro ponto vista: o do espectador.


Outros Pontos de vista:

Ponto de vista #1, #2 e #3 (3 ecrãs planos) com Pedro Clode, na Magnolia - Audio e Vídeo. Maio 2007

Ponto de vista #4 (ecrã plano) e reflexão (projecção) com Eduardo de Freitas, no Museu de Arte Contemporânea do Funchal. Junho 2007

Ponto de vista #5 (ecrã plano) e interrupção (projecção) com Alice Sousa e Carmen, no Teatro Municipal do Funchal. Julho 2007

Ponto de vista #6 (instalação: vídeo, objectos, água) na exposição colectiva What is What? Setembro 2007


Carlos Valente nasceu em Caracas (1964), residindo no Funchal desde 1982. Mantém uma prática artística continuada desde 1987 – em exposições e mostras colectivas – usando a tecnologia do vídeo como meio de reflexão teórico-prática acerca da imagem em movimento.

É Professor Auxiliar no Departamento de Arte e Design da Universidade da Madeira, tendo concluído o Doutoramento em Estudos de Arte – Especialização em Teorias e Tecnologias da Imagem (2007) e o Mestrado em História – Especialização em História da Arte – pela Universidade da Madeira (1999).

Produziu textos para catálogos de exposição, em mostras de artistas como Rui Carvalho (desenho), em 2002; Eduardo Freitas (pintura), 2002; e para colectivas, tais como «20 anos de Artes Plásticas na Madeira», 2002. Participa regularmente, como colaborador, no programa radiofónico «Jornal da Cultura» da Antena 1 (RDP Madeira), comentando exposições de artes visuais.

Carlos Valente

Dezembro 2007


quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Corpo Vestígio de Cristina Perneta







"Corpo Vestígio"

Instalação

Um corpo, habitado num espaço, um quarto de banho. Nele a água, que servia para purificar, que servia para dar, que servia para relaxar, que servia para lavar, que servia para tocar, que servia para limpar, que servia para estar, que servia para amar, que servia para cuidar, que servia para respirar.






Cristina Perneta

Nasceu no Funchal, 1979. Vive e trabalha no Funchal.
Licenciatura em Artes Plásticas, Universidade da Madeira

Exposições Individuais (recentes)
2006/7_Paisagem sobre uma linha d´água, Pintura/Instalação Museu Casa da Luz, Funchal / Galeria Associarte
_Just as long as I stay I´ll be waiting, Pintura/Instalação, Pestana Casino Park Hotel, Funchal
2005_Corpo Privado, Desenho/Vídeo/Instalação, Museu de Arte Contemporânea, Forte de São Tiago, Funchal

Paticipa em várias exposições colectivas
em Portugal, Malta, Viena de Áustria e Itália.





Olho-te e não te vejo.... de Merícia Lucas

Merícia Lucas Andrade, nasceu em Santo António, 1975.

Licenciou-se em Design / Projectação, pela Universidade da Madeira (2004).

Frequenta o ano da dissertação no Mestrado em Arte e Património: no contemporâneo e actual.

Participou em algumas exposições colectivas.

Tem trabalhado na área da música em demanda de uma tradição insular renovada, no grupo Banda d'Além e ainda na esfera de uma outra tradição musical corporizada nos Estados Unidos, o Jazz, no grupo Oficina.




Olho-te e não te vejo....

Fotografia

A minha intervenção é consequência de uma das minhas visitas à casa, espaço de intervenção de um colectivo, onde imaginei uma personagem, habitante da casa. Este ser que a habita, em solidão, consome as suas horas a olhar/espreitar por uma frecha no tapa-sol, resultado da queda de duas das suas tabuinhas.
Vive o seu dia a dia, observando as pessoas, os objectos que preenchem/percorrem o seu estreito campo de visão. Constrói, assim, uma realidade, a sua, num diálogo mudo, distante, com uma prole de interlocutores espectrais que povoam o outro lado da sua vida.
Escolhi o corredor da casa, espaço privilegiado para a comunicação entre as diversas dependências da casa, lugar de trânsito obrigatório, e depósito/expositor de coisas diversas - o retrato de um parente/coronel de bigode farfalhudo, um jarra solitária com uma flor desbotada – lugar de comunicação imediata, no presente, mas sobretudo, diferida, com o passado.
Aqui instalei as fotos que perscrutam o outro lado da rua, mas que ironicamente, só dão a saber a figura espectral que espreita, afinal, para dentro de si....

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Figurinhas de Papel (de parede) de Filipa Venâncio


Filipa Venâncio

Nasceu no Funchal em 1965.
Licenciatura em Artes Plásticas/ Pintura pelo ISAPM.
Expõe desde 1987. Participou em vários painéis colectivos, ilustrações e cenografias e está representada no Museu de Arte Contemporânea da Madeira, no Museu Etnográfico da Madeira e em algumas colecções particulares .

EXPOSIÇÔES(selecção):
INDIVIDUAIS: 2007- Presépio a 150 m, Casa das Mudas, Centro das Artes, Calheta; The End, Fundação John dos Passos, Ponta do Sol; Corbeille, Sala de exposições da Universidade da Madeira, Funchal/ 1999– Como se Fosse…, Bar Imprevisto, Lisboa/ 1990- Exposição, Galeria do Turismo, Funchal

EM PARCERIA: 2006-REPRESENTANTES DE QUARTO, c/ Fagundes Vasconcelos/2004- SILÊNCIOS, Magnólia, c/Eduardo Freitas, /2002-CASA AZUL, Pintura e Desenho c/Eduardo Freitas/1994- HABITÁCULOS, c/Manuel Gomes, Galeria do Turismo/1991- QUARTO CRESCENTE, c/Guilhermina da Luz.

COLECTIVAS: 2004- PROJECTO LONARTE, Casa das Mudas; JOHN DOS PASSOS, Fundação John dos Passos; 20 OLHARES SOBRE O CORPO EM MOVIMENTO, Museu da Electricidade/2001- OS FIÉIS DE LURDES, Quinta do Revoredo/1999- AO LARGO DAS ILHAS, AÇORES; 20 ANOS DE ARTES PLÁSTICAS NA MADEIRA/1998- 30 ARTISTAS DA MADEIRA EM SETÚBAL/1997 POLLEN, Galeria do Turismo/1996- FAZEDORES DE NUVENS, Teatro Municipal Baltazar Dias/1993- COLECTIVA, Porta 33/ 1987-MARCA MADEIRA 87.










Figurinhas de Papel (de parede) resulta duma dupla apropriação do desenho, enquanto elemento de vestígio recuperado das ranhuras e fendas existentes nas paredes do quarto e do desenho, também como estereótipo, resgatado de um contexto afectivo.
Trata-se de um trabalho que procura proceder a uma desmontagem da ideia de representação, questionando com ironia a comparência legitimada do desenho estereotipado, neste espaço, através da simultaneidade de combinações: do molde e do seu decalque, da matriz e da sua cópia, da forma e sua sombra.



O estereótipo assume aqui múltiplas presentificações através da colagem e do decalque deslocado de figuras recortadas em cartolina, envolvidas por laivos de manchas e traçados picotados, que replicam os processos de estampagem, que estas paredes evocam.
É um desenho epidérmico, no sentido da aplicação por camadas a um outro preexistente. E é um exercício “de faz de conta".
Ao convocar estes desenhos intrusos para deambular pelas paredes, entre a luz e a penumbra, originando (im)prováveis (des)encontros, proponho conjecturar as teias de relações que estas figurinhas estabelecem ou não entre si, também com outros recortes datados, e falar da suspensão temporal que lhes está associada.

A Persiana de Ricardo Barbeito


Ricardo Barbeito (1979), vive e trabalha no Funchal.
Licenciou-se em Artes Plásticas pela Universidade da Madeira (2005).
Frequenta o ano da dissertação no Mestrado em Arte e Património: no contemporâneo e actual, com um projecto artístico de arte pública efémera.

É professor de Expressão Plástica e trabalha na Porta 33.

No ano lectivo de 2002/2003 frequentou algumas disciplinas da Faculdade de Belas Artes da Universidade Politécnica de Valência, em Espanha, através da bolsa de mobilidade Erasmus.
Tem participado em diversas actividades, desde produção de eventos a intervenções em espaços públicos. Expõe colectivamente desde 2001 e em 2006 realizou a sua primeira exposição individual, intitulada Candy Shop, no Salão Nobre do Teatro Municipal Baltazar Dias.
No presente ano, foi distinguido com o 3º lugar no 5º Concurso de Artes Plásticas, Casa das Mudas, Prémio Henrique e Francisco Franco, com a obra polémica intitulada Existe um muro capaz de impedir a bisbilhotice?










A Persiana
Estores metálicos, pára-choques cromado, luz, fios, tapassol reflexos luminosos
Medidas variáveis.


Um pequeno quarto, de tom rosado, sem luz, colado à cozinha, imponente pelo seu vazio, chamou a si a sua história. A janela selada pelo tempo, ilumina o compartimento de uma casa antiga, cheia de histórias por descobrir, cheia de histórias por contar, de segredos por de
Este quarto, com o seu soalho poeirento, e o cheiro a mofo, impôs-se como espaço em si. A naftalina que se pensava sublimar a memória, perdeu-se no tempo. O alçapão, o diálogo de espaços interrompidos, os espaços dentro de espaços, os esconderijos, os segredos por desvendar, as passagens secretas, os pequenos tesouros por encontrar... A surpresa e a curiosidade levaram a que se descobrissem duas persianas danificadas e um pára-choques suspensos, sobre um compartimento cheio de coisas, de objectos, esquecidos e abandonados. Um novo espaço abriu-se para cima. A cunha de madeira deu lugar a uma passagem, o espelho deu lugar aos reflexos luminosos dos automóveis que passam na rua, que invade o quarto. A Persiana surge como testemunho da descoberta e dialoga com a janela, através da luz exterior, que é filtrada pelo tapassol poluído e estropiado.

O chão abriu-se.

Gira-réplicas de Luísa Spínola

Espaço encontrado, local de memórias, refugo, espaço roupeiro, repositório de vivências, diferentes tempos num espaço em contra-relógio, no seu interior o Gira-réplicas, outrora expositor de bordados, agora montra giratoria de personagens que se repetem em diferentes níveis de tempo, a força do poder, a manipulação de quem o faz andar à roda, o poder de desencadear o movimento, o movimento de destruição.

Luísa Spínola

Licenciou-se em Artes Plásticas /Pintura pelo ISAD /Universidade da Madeira
Frequenta o Mestrado em Arte e Patrimonio: no Contemporâneo e Actual (2007/8).

Participou em várias exposições colectivas e individuais desde 1992 até à presente data, na Galeria do Turismo, Casa da Cultura de Santa Cruz, Casa das Mudas, Museu da Electricidade, Semana da Madeira em Viena de Austria, Palácio da Conceição-Açores, Galeria Utopia - Porto, entre outras.
Prémios
3º class Concurso de Pintura Fora d´Horas Café 1995
1º class Premio de Pintura - co-autoria, Escola Profissional Cristovão Colombo 1997
3º class Bienal de Artes Plásticas, Premmio Henrique e Francisco Franco - Centro das Artes, Casa da Mudas 2002
2º class no Concurso Loja do Cidadão - Funchal 2006

domingo, 9 de dezembro de 2007

SECHIUM EDULE - Instalação artística de MARTINHO MENDES

MARTINHO MENDES

Natural do Estreito de Câmara de Lobos, nasceu em 1981.


Licenciado em Artes Plásticas – Ramo de Ensino, pelo Departamento de Arte e Design da Universidade da Madeira. É professor de Artes Visuais e exerce actualmente funções de coordenação técnico-pedagógica no serviço educativo do Museu de Arte Sacra do Funchal

Participou em exposições colectivas desde 1999 ao nível do contexto regional, nacional e internacional. Em 2006, no Funchal, realizou a sua primeira exposição indivdual intitulada " A casa na encruzilhada". Foi distinguido com prémios do domínio da fotografia e pintura, nomeadamente no 1º Concurso Nacional de Fotografia da Póvoa do Varzim (2003) e Concurso de Artes Plásticas promovido pela loja do cidadão (2006).




A Instalação artística – Sechium Edule

A instalação artística de Martinho Mendes apresentada na exposição colectiva e que este Blog se reporta, tem como título emprestado o nome científico da hortaliça – fruto, conhecido entre os madeirenses como pepinela ou pimpinela.

Numa visita inicial ao espaço onde agora se apresenta exposição Quartos Vagos foi possível observar no pátio / jardim da casa, um conjunto destes vegetais, caídos e espalhados aleatoriamente, quer pelo chão pavimentado quer por cima dos locais mais inusitados – uma sanita que se tornou canteiro ou uma poça de lavar roupa agora contentor, fatidicamente temporário, de uma porção de terra para cultivo.


Curioso foi verificar que as pepinelas (Sechium Edule) encontravam-se pelo chão quais orgânicos seixos rolados, ávidos de encontrar terreno fértil para afincar o seu rebento que explode de vida ao rasgar a forma arredondada deste fruto, também considerado como sendo um vegetal.
Com efeito, é a partir deste vislumbre factual e de uma espécie de advertência a todo o espaço desta casa, ultimada pela presença altiva e ameaçadora de uma grua de construção numa obra vizinha, que a instalação artística SECHIUM EDULE ganha tendência metafórica.



As pepinelas, com os seus rebentos sequiosos de terra para poderem medrar, representam de certa forma a vontade, a força e a esperança de naquele espaço continuarem a viver, verdejantes como estão ainda a planta mãe carregada de pepinelas, a árvore das mangas com os seus pequenos frutos em crescimento, a bananeira com o seu verde cacho ou mesmo até a parreira de uva americana que se começa a despir das suas folhas para a esperançada fase seguinte – desconhece esta videira que o seu ciclo de vida acabará, possivelmente, por aqui, sem espaço para outra poda que receba a Primavera.

SECHIUM EDULE é um projecto que parte, inicialmente, de uma abordagem e intervenção do exterior da casa para o interior de um dos quartos numa relação tão complementar quanto hiperbólica.

Como forma de chamada de atenção para a observaçãonaturalista do mote tomado como base para o projecto, no jardim/pátio exterior, é possível observar uma inusitada e discreta intervenção – uma folha com informações botânicas e culinárias do vegetal; o desenho desse vegetal recortado e colocado a pender directamente da planta matriz, lançando uma aparente confusão entre o que é o desenho próximo do real e o vegetal real pendente da planta .


O interior do quarto, por outro lado, é uma encenação simbólica, algo bizarra, que parte da desconstrução do remate de tecto estucado numa ligação à ideia de luz, factor imprescindível à orientação e à vida de quem ali habitou ou viveu.

Tal intento, surge corporizado pela presença exagerada dos desenhos das pepinelas que, iluminadas com luz artificial e proliferando em quantidade por todo o espaço numa espécie de força desgovernada e expressiva, denunciam, ainda, o apelo e a luta por um enraizamento a um espaço que se encontra na eminência de desaparecer.


As janelas desta casa encontram-se já fechadas e o nicho que as enquadrava já não deixa passar a luz natural. Em lugar disso, os nichos que circunscrevem as janelas, apresentam uma premonitória representação pictórica da ideia de casa, à maneira de uma memória esbatida. Ao mesmo tempo que naquele quarto, palco de um espectáculo, se assiste a uma luta simbólica, o desenlace, ao fim de contas, sempre se encontrou escrito e presente nas paredes avermelhadas: “Quem vive de esperanças, morre em jejum”.


Numa ilha comummente explorada, esfolada e vendida a retalho, esta instalação traduz-se tão-somente num ponto de partida para uma reflexão extensiva, não particularizada, acerca do sentido de territorialidade, da legitimidade ou não da extinção e perturbação de determinados espaços físicos bem como das inerências ambivalentes que determinadas decisões, respeitantes a este domínio, comportam.



Martinho Mendes
DEZEMBRO DE 2007