terça-feira, 11 de dezembro de 2007

A Persiana de Ricardo Barbeito


Ricardo Barbeito (1979), vive e trabalha no Funchal.
Licenciou-se em Artes Plásticas pela Universidade da Madeira (2005).
Frequenta o ano da dissertação no Mestrado em Arte e Património: no contemporâneo e actual, com um projecto artístico de arte pública efémera.

É professor de Expressão Plástica e trabalha na Porta 33.

No ano lectivo de 2002/2003 frequentou algumas disciplinas da Faculdade de Belas Artes da Universidade Politécnica de Valência, em Espanha, através da bolsa de mobilidade Erasmus.
Tem participado em diversas actividades, desde produção de eventos a intervenções em espaços públicos. Expõe colectivamente desde 2001 e em 2006 realizou a sua primeira exposição individual, intitulada Candy Shop, no Salão Nobre do Teatro Municipal Baltazar Dias.
No presente ano, foi distinguido com o 3º lugar no 5º Concurso de Artes Plásticas, Casa das Mudas, Prémio Henrique e Francisco Franco, com a obra polémica intitulada Existe um muro capaz de impedir a bisbilhotice?










A Persiana
Estores metálicos, pára-choques cromado, luz, fios, tapassol reflexos luminosos
Medidas variáveis.


Um pequeno quarto, de tom rosado, sem luz, colado à cozinha, imponente pelo seu vazio, chamou a si a sua história. A janela selada pelo tempo, ilumina o compartimento de uma casa antiga, cheia de histórias por descobrir, cheia de histórias por contar, de segredos por de
Este quarto, com o seu soalho poeirento, e o cheiro a mofo, impôs-se como espaço em si. A naftalina que se pensava sublimar a memória, perdeu-se no tempo. O alçapão, o diálogo de espaços interrompidos, os espaços dentro de espaços, os esconderijos, os segredos por desvendar, as passagens secretas, os pequenos tesouros por encontrar... A surpresa e a curiosidade levaram a que se descobrissem duas persianas danificadas e um pára-choques suspensos, sobre um compartimento cheio de coisas, de objectos, esquecidos e abandonados. Um novo espaço abriu-se para cima. A cunha de madeira deu lugar a uma passagem, o espelho deu lugar aos reflexos luminosos dos automóveis que passam na rua, que invade o quarto. A Persiana surge como testemunho da descoberta e dialoga com a janela, através da luz exterior, que é filtrada pelo tapassol poluído e estropiado.

O chão abriu-se.

1 comentário:

efervescente disse...

Um grande abraço caro Barbeito e parabéns pela tua contribuição, em jeito de pensamento e acção artística...